Homem é preso na PB suspeito de envolvimento no assassinato de prefeito de cidade do RN durante campanha de reeleição


O suspeito foi preso na cidade de Santa Rita, na Grande João Pessoa, após dirigir de forma imprudente pela BR-230 e ser abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal. Suspeito de envolvimento em assassinato de prefeito foi preso com documento falso na BR-230 Divulgação/PRF Um homem de 49 anos foi preso na tarde desta terça-feira (8), suspeito de envolvimento na morte do prefeito de João Dias, município do Rio Grande do Norte, conhecido como Marcelo Oliveira, durante a campanha de reeleição. A prisão aconteceu no município de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa, na Paraíba. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o suspeito, investigado pelo crime e foragido da Justiça, foi preso após ser flagrado dirigindo de forma imprudente na BR-230 e utilizando um documento falso. O nome do suspeito não foi divulgado. Os agentes deram ordem de parada ao veículo, que estacionou alguns metros à frente. Ao abordar o automóvel, ocupado por duas pessoas, os policiais notaram o nervosismo do condutor. A equipe identificou que o documento de identidade apresentado era falso e, após consultas no sistema de segurança, descobriu a verdadeira identidade do homem e que havia um mandado de prisão em aberto por homicídio. O homem confessou que sabia da existência do mandado, por ter participação no assassinato do ex-prefeito e de seu pai, em agosto de 2024. Ele também afirmou ser integrante da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e que já havia cumprido mais de 20 anos de pena nas penitenciárias de Alcaçuz (RN), Itaitinga (CE) e Pacatuba (CE). O suspeito foi detido por uso de documento falso, e os agentes deram cumprimento ao mandado de prisão. Ele foi encaminhado para a Polícia Federal para os procedimentos cabíveis. O veículo foi deixado aos cuidados do passageiro, após verificação de que não havia nenhum mandado em seu desfavor. Disputa política marcada por tensão Facções criminosas investem para controlar o poder político em pequenas cidades do Brasil João Dias, cidade do Rio Grande do Norte, com pouco mais de 2 mil habitantes, foi palco de um crime político durante a campanha eleitoral de 2024. O então prefeito da cidade, Francisco Damião de Oliveira, conhecido como Marcelo, foi morto junto com o pai quando visitava uma barbearia. Entre os acusados está a ex-candidata à eleição, que disputava com Marcelo a prefeitura da cidade. Segundo apurou o Fantástico o crime está ligado à presença do Primeiro Comando da Capital (PCC) na cidade. Em João Dias, a disputa envolvia as famílias Jácome e Oliveira. De acordo com uma investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, um acordo feito entre Marcelo e Damária Jácome. Juntos, eles disputaram a eleição em 2020. LEIA MAIS: Família Jácome x Família de Oliveira: entenda conflito que levou à morte de prefeito de cidade do RN De acordo com Alex Wagner Alves Freire, delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, Francisco Deusamor Jácome teria oferecido a quantia para Marcelo renunciar ao cargo após a eleição. Deusamor, irmão de Damária, foi condenado por tráfico internacional e era ligado a Marcola, o líder do PCC. Prefeito Marcelo e vice Damária Jácome Divulgação A chapa ganhou a eleição e seis meses depois da posse Marcelo renunciou e Damária assumiu a prefeitura. Segundo a polícia, mesmo antes da renúncia de Marcelo, os traficantes do PCC, Deusamor e Leidjan, seriam os verdadeiros gestores do município, como indica a transcrição de um discurso em que Damária afirma que os irmãos tinham idealizado os quatro anos da administração. Em 2024, Marcelo e Damária se enfrentaram numa campanha tensa. "O pessoal do Jácome tinha esse grupo armado, e o prefeito Marcelo necessitou também de criar uma força nesse sentido", acrescenta Freire. "Marcelo dizia que ele era ameaçado pelos irmãos da Damária", continua. A escalada da tensão durante a campanha culminou na morte de Marcelo e de seu pai. No ano passado, pouco antes do atentado, Damária disse que "o que vem por aí, talvez tenha gente que nem aguente". Como o crime aconteceu? Marcelo Oliveira, prefeito de João Dias, foi baleado nesta terça-feira (27) no município Redes sociais De acordo com a investigação, Damária e a irmã, Leidjane, vereadora da cidade, teriam mandado contratar homens para matar o prefeito. As investigações apontam que os executores usaram um sítio antes do atentado. Eles chegaram ao local cerca de 10 dias antes do crime. Um vídeo, feito por um dos criminosos, foi gravado no sítio, que pertence à família Jácome. "É peça por todo canto. Ô, quadrilha cabulosa!", diz ele na gravação. "Eles encontraram dificuldades de executar o crime porque ou Marcelo estaria acompanhado de seu grupo armado que fazia a sua segurança pessoal, ou estaria na residência que também é uma fortaleza", diz o delegado Carlos Fonseca. Denúncia do MP: Grupo suspeito de matar prefeito de João Dias também cogitou assassinar viúva, eleita prefeita A execução aconteceu dias depois, quando Marcelo e o pai visitavam uma barbearia. Nove suspeitos pelo crime foram presos e quatro estão foragidos, inclusive Damária. A polícia segue nas buscas. Após a morte de Marcelo, a viúva, Maria de Fátima Mesquita da Silva, do União Brasil, se tornou prefeita. Procurada pelo Fantástico, a prefeitura afirma que a cidade passa por momentos de profunda intranquilidade e que tem procurado devolver a normalidade à cidade e a seus moradores. O advogado de defesa da fampilia Jácome disse que não há provas da participação das irmãs Damária e Leidiane no crime, e que as duas deixaram João Dias porque foram ameaçadas de morte. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba