Associativismo impulsiona farmácias independentes e fatura mais que América Central

Localizado na zona Sul de São Paulo e com 13.500 m², Edifício do Associativismo abriga as operações da Febrafar e da Farmarcas. Foto: Divulgação

Quando um paciente deixa o consultório com uma receita em mãos, transforma-se em consumidor. A partir dali, ele escolhe onde comprar o medicamento, atribuindo à farmácia um papel que vai além da saúde: o de varejista. Nesse jogo, grandes redes como Raia Drogasil (RADL3), Pague Menos (PGMN3), Panvel (PNVL3) e Drogaria São Paulo dominam boa parte do mercado, reunidas sob a Abrafarma. Elas negociam diretamente com a indústria e operam por meio de centros de distribuição próprios.

Em um mercado que movimenta cerca de R$ 210 bilhões por ano no Brasil, esse domínio torna-se um desafio para farmácias independentes e pequenos negócios. É sob esse contexto que o Edifício do Associativismo se destaca como um hub de estratégias coletivas para o varejo farmacêutico brasileiro.

Localizado na zona Sul de São Paulo e com 13.500 m², o espaço abriga as operações da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), que reúne 70 redes e mais de 17 mil farmácias em todo o país, com faturamento anual de R$ 30 bilhões. Também sedia a Farmarcas (administradora de redes), responsável por 12 redes e que fatura aproximadamente R$ 10 bilhões.

“O volume movimentado a partir deste prédio ultrapassa todo o mercado farmacêutico da América Central”, afirma Ângelo Vieira, diretor de Comunicação da Farmarcas. Segundo dados da Statista, a receita do setor na região deve alcançar US$ 2,04 bilhões (aproximadamente R$ 12 bilhões) em 2025.

Ao InfoMoney, Vieira explica que o associativismo nasceu no Brasil nos anos 1990, inspirado em experiências europeias. Inicialmente, o foco estava em “comprar melhor”, usando o volume coletivo para obter melhores condições com fornecedores. No entanto, o modelo evoluiu, passando a incluir também estratégias para vender mais, inovar e melhorar a gestão.

Com ferramentas como programas de fidelidade, sistemas de integração de dados e indicadores financeiros, o associativismo passou a entregar inteligência de mercado aos pequenos, de todas as regiões do país. “O objetivo é garantir que a farmácia independente possa competir em condições próximas às das grandes redes”, frisa o executivo.

Ferramentas e inovação

As vantagens para os associados vão além do poder de compra. Fundada em 2000, a Febrafar desenvolveu ferramentas como um programa de gestão de indicadores e um integrador de dados que analisa o desempenho de cada farmácia em tempo real. Isso permite ajustes rápidos e decisões mais embasadas.

Ângelo Vieira, diretor de Comunicação da Farmarcas. Foto: Divulgação

Para a indústria e os distribuidores, o modelo traz vantagens porque distribui de forma mais ampla as oportunidades no mercado. “Evita que poucas redes concentrem todo o poder de negociação, promovendo um ecossistema mais equilibrado, beneficiando toda a cadeia e, principalmente, o consumidor”, diz Vieira.

Já a Farmarcas, criada em 2012, surgiu como uma solução para padronizar e potencializar o desempenho das redes associadas. Hoje, centraliza a administração de 12 bandeiras diferentes, oferecendo suporte em compras, layout, marketing, formação de preço e treinamentos.

“Com mais de 400 funcionários e presença em todos os estados, a Farmarcas tem crescido a taxas acima da média do setor: cerca de 25% ao ano”, revela o diretor de Comunicação. O valor inicial para se associar também é acessível: cerca de R$ 4 mil na entrada, com mensalidade equivalente a um salário mínimo.

Mais do que um prédio

Além disso, Vieira reforça que o Edifício do Associativismo não é apenas um prédio. Com salas de reunião, auditórios e espaços de cocriação, ele se tornou um centro de articulação do setor. “Farmácias, indústrias, distribuidores e prestadores de serviço negociam, planejam e constroem soluções para o futuro do varejo farmacêutico.”

Essa dinâmica permite que farmácias pequenas acessem a mesma estrutura de inteligência de mercado das grandes, mas mantendo sua identidade local. O modelo tem se mostrado eficiente e já começa a ser estudado para aplicação em outros segmentos. “Supermercados, materiais de construção e clínicas têm nos procurado para conversar”, revela o executivo.

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Janize Colaço

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