Morte de banqueiro suíço reacende disputa bilionária envolvendo herdeiro da Hermès

O banqueiro suíço Eric Freymond, de 67 anos, morreu no dia 23 de julho, em Saanen, na Suíça, após ser atingido por um trem. Segundo a polícia local, o caso é tratado como suicídio. A informação foi divulgada pelo The Wall Street Journal (WSJ), que relata que o executivo vinha sendo investigado na França e na Suíça por suspeitas relacionadas ao desaparecimento de uma fortuna do herdeiro da Hermès, Nicolas Puech.

Freymond atuou por décadas como assessor financeiro de clientes de alto patrimônio. O WSJ relata que ele estava no centro de uma disputa envolvendo seis milhões de ações da Hermès que Puech afirmava estarem sob sua titularidade até 2022, mas que teriam desaparecido. Com base no valor de mercado atual, a participação seria avaliada em cerca de US$ 15 bilhões. O herdeiro, de 82 anos, acusava o banqueiro de fraude e buscava indenização de bilhões de euros.

Durante interrogatórios recentes em Paris, Freymond teria admitido, pela primeira vez, que parte das ações foi vendida para a LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton), conglomerado francês de luxo controlado por Bernard Arnault, há mais de dez anos. De acordo com a reportagem, ele afirmou que Puech estava informado sobre a transação. O herdeiro, em contrapartida, negou ter autorizado a venda das ações herdadas de sua família.

As investigações contra Freymond se acumulavam. Um inquérito iniciado em 2015 pela Hermès, que o acusava de falsificação e uso de documentos falsos, havia avançado. Outros processos incluíam acusações de apropriação indevida de ativos apresentadas por herdeiros do empresário francês Richard Desurmont.

Em dezembro de 2023, Puech apresentou queixa-crime na França por abuso de confiança, alegando desvio de patrimônio. Segundo auditoria da FTI Consulting, vista pelo WSJ, até 31 de dezembro do ano passado o herdeiro possuía apenas 600 mil euros em dinheiro e 96 milhões de euros em investimentos, grande parte com baixa liquidez. A auditoria também apontou transferências milionárias de contas de Puech para contas ligadas a Freymond. O banqueiro negava ter se apropriado dos recursos.

O presidente executivo da Hermès, Axel Dumas, disse em teleconferência de resultados em 30 de julho que acredita há muito tempo que Puech já não detém as ações. Um porta-voz da LVMH afirmou ao WSJ que a companhia não comentaria o assunto.

Segundo o jornal, Freymond havia comparecido voluntariamente à França em julho para prestar depoimento, apesar de não ser obrigado por lei, já que a Suíça não extradita seus cidadãos. Após três dias de interrogatório, ele foi formalmente acusado de falsificação, uso de documentos falsos e abuso de confiança agravado, sendo obrigado a pagar fiança de vários milhões de euros e proibido de manter contato com Puech.

O advogado François Zimeray e a advogada Jessica Finelle declararam que Freymond era uma pessoa sensível que sofreu com a pressão das acusações e com um ambiente sem clemência. Puech, em comunicado, disse lamentar a morte e chamou Freymond de amigo e conselheiro com quem trabalhou por 25 anos, até a ruptura provocada pelos acontecimentos ligados às ações da Hermès.

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murilomelo

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