Anvisa desmonta rede de falsificação de medicamento contra o câncer no Ceará

A Anvisa anunciou nesta sexta-feira (15) a deflagração de uma operação contra a falsificação de medicamentos no Ceará. A ação, que tem apoio da Secretaria de Saúde do Ceará, da Vigilância Sanitária de Fortaleza e da Agência de Fiscalização do município (Agefis), tem como objetivo desmontar uma rede acusada de comercializar e distribuir versões falsificadas do medicamento injetável Keytruda para hospitais e clínicas.

Com princípio ativo pembrolizumabe, o Keytruda é um imunoterápico de alto custo indicado para tratar diferentes tipos de câncer, incluindo melanoma, tumores de pulmão, de cabeça e pescoço, esofágicos, além do linfoma de Hodgkin clássico, entre outros. A presença de versões falsificadas no mercado representa risco grave, podendo prejudicar a eficácia do tratamento e causar eventos adversos.

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Segundo o comunicado divulgado pela Anvisa, denúncias foram feitas e a após a apuração, fiscais da agência reguladora localizaram uma distribuidora de medicamentos regularizada suspeita de fornecer versões falsificadas do produto.

No local, fiscais foram barrados por um funcionário e com a obstrução da fiscalização, a empresa foi interditada até o fim das investigações. Com apoio da polícia, o funcionário foi levado à Polícia Civil para depor, e a Polícia Federal foi acionada devido à possível prática de falsificação. A fiscalização continuou com um mandado judicial, cumprido com apoio policial às 5h40 desta sexta.

A Anvisa encontrou várias caixas de medicamentos sem registro no Brasil, com rótulos em inglês, e entre elas, unidades de Keytruda. Há suspeita de falsificação em nível internacional. Além disso, os fiscais também encontraram notas fiscais comprovando a comercialização desses produtos irregulares e caixas de medicamentos biológicos igualmente sem registro no país.

Histórico

Em junho, um hospital de Palmas (TO) alertou a Anvisa sobre possíveis irregularidades em frascos do Keytruda, lote SO48607. O medicamento foi comprado de uma distribuidora regularizada, mas a nota fiscal não indicava lote nem validade. A unidade de saúde também apontou falhas no transporte e embalagens diferentes das originais.

Após a denúncia, a Anvisa determinou a suspensão imediata das vendas e solicitou esclarecimentos à distribuidora, que não respondeu. A farmacêutica Merck Sharp & Dohme, detentora do registro no Brasil, afirmou não reconhecer o lote, que trazia rótulo em inglês e um selo falso com efeito holográfico e inscrições em árabe. O caso foi classificado como falsificação e reportado à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em julho, um hospital de Vitória da Conquista (BA) fez nova denúncia envolvendo a mesma distribuidora. Desta vez, as suspeitas recaíram sobre o lote YO19148. As embalagens eram diferentes do padrão e não traziam o número de registro na Anvisa. A investigação segue em andamento.

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Victória Anhesini

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