Suspeito de matar adolescente em Monteiro, PB, foi condenado por agredir a própria filha


Gilson Cruz de Oliveira, de 56 anos, respondeu por lesão corporal dolosa e filha teve medida protetiva contra ele por dois anos. Gilson Cruz e a menina com quem ele se relacionava, Maria Vitória dos Santos. Gilson é o único suspeito de matar Vitória, de 15 anos, em Monteiro, PB. Reprodução/TV Cabo Branco Gilson Cruz de Oliveira, de 56 anos, o único suspeito de matar a adolescente de 15 anos Maria Vitória dos Santos, em Monteiro, na Paraíba, foi condenado por lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica contra a própria filha. O homem fugiu no domingo (14), quando teria feito os disparos que matou a menina com quem se relacionava. Ele foi preso no fim da tarde da segunda-feira (15). LEIA TAMBÉM: Adolescente de 15 anos vítima de feminicídio relatou violência em áudio: 'Jogou a pistola na minha cara'; OUÇA Mãe de adolescente de 15 anos vítima de feminicídio afirma que jovem teria tentado terminar o relacionamento ao sofrer ameaças No domingo, Maria Vitória e Gilson estariam bebendo em casa quando uma discussão foi iniciada. Nesse momento o homem teria atirado na adolescente, de acordo com testemunhas. Até o momento, sete feminicídios já foram registrados oficialmente neste ano na Paraíba. Conforme levantamento do Núcleo de Dados da Rede Paraíba, o mês de junho registrou três assassinatos de mulheres por conta de seu gênero. O caso do último domingo não é o único que envolve Gilson e violência contra mulheres e menores. Em ambas ocorrências, Gilson também havia consumido bebidas alcoólicas. Segundo consulta no site do Tribunal de Justiça da Paraíba, a agressão contra a própria filha, também adolescente na época, aconteceu em junho de 2019, em Monteiro. Enquanto a menor dormia no quarto do pai, Gilson Cruz chegou em aparente estado de embriaguez e passou a discutir com a menina. Durante a discussão, inicialmente verbal, o denunciado chutou o cachorro da filha. Indignada com a atitude do pai, a jovem passou a "reclamar" com o acusado. Então, ele começou a agredi-la com chutes, empurrões, puxões de cabelo e mordidas. Mais tarde, quando a vítima chegou à instituição de ensino onde de estudava, as marcas da agressão foram vistas pela direção do educandário, que acionou o Conselho Tutelar. Após os fatos serem comunicados na Delegacia Especializada a Mulher de Monteiro, Gilson foi ouvido e assumiu as agressões, dizendo que "perdeu a paciência". A denúncia foi instruída com o Inquérito Policial e recebida pelo sistema judiciário em fevereiro de 2020. Duas testemunhas também foram ouvidas em juízo e confirmaram os seus depoimentos prestados na sede policial. Em abril de 2024 foi proferida a pena definitiva de seis meses de detenção. Segundo a juíza do caso, Anna Carla Falcão da Cunha Lima Alvez, o réu deveria iniciar o cumprimento da pena privativa de liberdade no regime aberto. A pena foi substituída pelo prazo de dois anos prestando serviços à comunidade. Filha tinha medida protetiva contra Gilson Cruz Quando procurou a delegacia em 2019, após as agressões, um pedido de medida protetiva foi expedido contra Gilson Cruz pela prática crime de lesão corporal em decorrência de violência doméstica. A medida durou dois anos. Em 2021, a adolescente declarou que não possuía interesse na manutenção das medidas protetivas deferidas, afirmando que reconciliou-se com seu pai. Maria Vitória trabalhava para seu assassino e era agredida Conforme informações da delegacia de Monteiro, Maria Vitória conheceu Gilson quando começou a trabalhar na padaria dele há quase dois anos. Logo depois, passaram a se relacionar e a morar juntos. A família sabia do relacionamento da menor com o homem, ainda segundo a delegacia. O delegado que acompanha o caso, Sávio Siqueira, informou que conhecidos relatam um relacionamento com constantes agressões de Gilson contra a vítima. Apesar disso, não existe registro policial dessas agressões. A adolescente havia relatado em mensagem de áudio que o namorado, Gilson Cruz, era violento e já tinha feito ameaças com uma arma de fogo: 'Jogou a pistola na minha cara' . Maria Vitória tinha 15 anos quando foi morta pelo homem de 56 anos com quem se relacionava, Gilson Cruz. Caso aconteceu em Monteiro, na Paraíba Reprodução/TV Cabo Branco LEIA TAMBÉM: O que a lei brasileira diz sobre estupro Antes publicar a matéria na segunda-feira (15), o g1 indagou sobre a possibilidade de crime sexual, dado a diferença grande de idade e o tempo do relacionamento. Apesar disso, a delegacia afirmou que o namoro se iniciou após a idade de consentimento brasileira, que é 14 anos. Entretanto, na terça-feira (16), a mãe da adolescente, Maria Lúcia dos Santos Farias, disse em entrevista à TV Paraíba que o homem iniciou o relacionamento com a adolescente quando ela tinha apenas 13 anos, o que pode configurar estupro de vulnerável, segundo o Código Penal. Feminicídio aconteceu dentro de casa O caso aconteceu na casa de Gilson, localizada no Loteamento Apolônio, no bairro de Bernardino Lemos, em Monteiro. De acordo com testemunhas, Maria Vitória e Gilson estariam bebendo quando uma discussão foi iniciada. Foi nesse momento que o homem teria feito os disparos que matou a menina. Conforme o delegado Sávio Siqueira, ela foi morta com tiros de revólver. Ele explica que o próprio Gilson já contatou sua defesa e a Polícia Civil recebeu a notícia do caso através do advogado do suspeito. "Ele atirou mais de uma vez, ele se certificou de fato acertá-la e acertou de uma maneira que não tinha como ela sobreviver", disse o delegado. Casa de Gilson Cruz, onde Maria Vitória morreu, em Monteiro. Ele fugiu e é considerado foragido pela Polícia Civil da Paraíba Edvaldo José/Rede Paraíba Gilson Cruz foi preso ainda em flagrante na tarde desta segunda-feira (16) em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco. De acordo com o delegado Sávio Siqueira, através do monitoramento de câmeras de trânsito, a Polícia Civil conseguiu localizar, por meio da placa do carro, que o suspeito estava em Caruaru. Foi solicitado o apoio da Polícia Militar de Pernambuco, que conseguiu prender o suspeito por volta das 17h, quando ele já estava em Brejo da Madre de Deus. Como denunciar Denúncias de estupros, tentativas de feminicídios, feminicídios e outros tipos de violência contra a mulher podem ser feitas por meio de três telefones: 197 (Disque Denúncia da Polícia Civil) 180 (Central de Atendimento à Mulher) 190 (Disque Denúncia da Polícia Militar - em casos de emergência) Além disso, na Paraíba o aplicativo SOS Mulher PB está disponível para celulares com sistemas operacionais Android e IOS e tem diversos recursos, como a denúncia via telefone pelo 180, por formulário e e-mail. As informações são enviadas diretamente para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que fica encarregado de providenciar as investigações. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba