Solidariedade que salva: doação de jovem em Campina transforma dor em esperança para seis pacientes

A Paraíba deu mais um passo importante na luta pela vida. Na madrugada deste sábado (26), o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, realizou o quarto transplante cardíaco do ano. A beneficiada foi Mariluce Manoel da Silva, de 46 anos, natural da cidade de Mari, que aguardava na fila há um ano e sete meses. O novo coração chegou graças à generosidade da família de um jovem de 20 anos, doador múltiplo em Campina Grande, cuja decisão beneficiou seis pacientes.

A doação foi registrada na noite da sexta-feira (25) no Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande. Além do coração que agora pulsa no peito de Mariluce, foram doados o fígado, os dois rins e as córneas, impactando vidas na Paraíba e em outros estados. O fígado foi destinado a uma mulher de 55 anos, em João Pessoa; os rins seguiram para fora do estado e as córneas foram encaminhadas ao Banco de Olhos da Paraíba.

O transporte do coração até o Hospital Metropolitano contou com a agilidade das equipes da Central Estadual de Transplantes e do Corpo de Bombeiros, possibilitando o início da cirurgia ainda na noite da sexta-feira. O procedimento foi concluído com sucesso às 3h45 da madrugada de sábado, sob liderança do cirurgião cardíaco Antônio Pedrosa.

Mais uma vez, com muita felicidade, iniciamos esse procedimento em uma paciente com insuficiência cardíaca grave. O órgão veio de Campina Grande, de um jovem doador. Agradecemos à família que, mesmo em um momento de dor, teve a generosidade de autorizar a doação. É um procedimento complexo, que exige toda uma estrutura e uma equipe multidisciplinar, e isso só é possível graças ao apoio que temos recebido do Governo do Estado, da Secretaria de Saúde e da PB Saúde. Seguimos com fé, técnica e competência para realizar esse trabalho que salva vidas”, destacou o cirurgião.

A diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Rafaela Dias, reforçou o impacto da decisão da família doador.

“Cada doação representa uma nova chance para vários pacientes. A atitude da família desse jovem nos tocou profundamente. Transformar a dor da perda em solidariedade é um gesto de grandeza. Esperamos que mais famílias conversem sobre esse tema e ajudem a salvar vidas” frisou.

Emocionada, a irmã do doador, Alanna Cris, falou sobre o momento difícil vivido pela família.

“Mesmo em meio a tanta dor, a gente decidiu doar porque sabemos o quanto isso pode salvar outras pessoas. É difícil, mas é um alento saber que um pedacinho dele vai continuar vivo em outras famílias, levando esperança e vida. Isso nos conforta” destacou.

Na UTI Cardiológica do Hospital Metropolitano, Mariluce apresenta boa evolução. A coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT), Patrícia Monteiro, informou que a paciente está estável.

Com a voz embargada, Mariluce contou como recebeu a notícia.

“Na hora eu chorei… sempre tive medo da cirurgia, mas depois respirei fundo. Minha filha me deu a notícia, e eu fiquei pensando na pessoa que partiu para que eu tivesse essa chance. Se eu pudesse falar com a família do doador, só saberia dizer: muito obrigada”, declarou emocionada.

A filha dela, Giovanna, relembrou o início da jornada da mãe, em janeiro de 2024, até chegar à fila de transplante.

“Ela teve as primeiras dores em janeiro de 2024, foi levada para unidades de saúde em João Pessoa e depois para Guarabira, onde foi identificada a gravidade do quadro. Foi aí que ela foi regulada para o Metropolitano. Desde então, sempre fomos bem atendidas aqui. Quando recebi a ligação de Patrícia dizendo que o coração tinha chegado, fiquei muito nervosa, mas feliz. Agradeço à família que permitiu esse milagre acontecer na nossa vida” disse.

O Hospital Metropolitano é a única unidade habilitada para transplantes cardíacos adultos na Paraíba. A estrutura moderna e a equipe especializada integram a rede estadual de saúde e o programa Coração Paraibano, que oferece acompanhamento completo aos pacientes, da triagem ao pós-operatório.

Com esse transplante, a Paraíba chega a 84 procedimentos realizados em 2025. No entanto, mais de 800 pessoas ainda aguardam na lista de espera. As autoridades de saúde reforçam a importância do diálogo em família sobre a doação de órgãos. Em cada gesto de solidariedade, há uma chance real de vida para quem aguarda com esperança.

PB Agora

Redação

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