Roda de choro em Campina Grande, PB, chega aos 70 anos celebrando legado de Duduta


Roda de Choro de Duduta resiste há 70 anos em Campina Grande Arquivo Pessoal/Waguinho Duduta Em 2025 uma roda de choro criada por Duduta, instrumentista, luthier e compositor paraibano, chega aos 70 anos. Realizada semanalmente em Campina Grande, Agreste da Paraíba, por familiares e amigos do músico, que morreu há 7 anos, o projeto coleciona memórias com grandes artistas da música brasileira e celebra o legado cultural do chorinho na Paraíba. A Roda de Choro de Duduta acontece desde 1955 religiosamente todos os domingos na casa onde José Ribeiro da Silva, o Mestre Duduta, morava, no bairro da Bela Vista, em Campina Grande. O filho mais novo do músico, Wagner Ribeiro, é quem mantém o legado desde a morte dele. "A roda de choro começou em 1955, no ano que pai casou com mãe começou a levar o pessoal, reunir os amigos. Antes de casar ele já tocava mas quando casou começou a roda. Claro que não na mesma proporção, mas ficou o costume de ter toda semana essas reuniões", explica. Waguinho Duduta, como é conhecido, explica que a roda de choro já aconteceu em vários locais, como nos bairros do Monte Santo e Bodocongó. Mas, desde 1980, quando Duduta conquistou a casa própria, as reuniões acontecem na residência, na Bela Vista. Roda de Choro com o Mestre Duduta em vida Arquivo Pessoal/Waguinho Duduta Do início até hoje, as reuniões costumam contar com a presença de vários outros músicos e também de pessoas amigas que gostam de apreciar um bom chorinho. Segundo Waguinho, muitos músicos de outras cidades que viajam até Campina Grande para participar de eventos culturais também vão às reuniões para conhecer o projeto. "Quem costuma frequentar são os amigos que fizemos no decorrer da vida tanto dele (Duduta) quanto minha. É um ciclo que nunca parou, sempre se renovando com amigos novos", relatou o músico. O repertório das reuniões conta com choro e samba, mas Waguinho explica que "90% é composto com choro e música instrumental". Dessa forma, quem gosta de "uma boa música" pode se divertir toda semana em um destino certo. Luizinho Calixto, guardião do fole de oito baixos, na Roda de Choro de Duduta Arquivo Pessoal/Waguinho Duduta Nesses 70 anos de história, além de amigos e músicos locais, grandes nomes da música nordestina e brasileira já passaram pela Roda de Choro de Duduta. Artistas como Dominguinhos, Parafuso (Os 3 do Nordeste), Luizinho Calixto, Zito Borborema, Marinês e muitos outros também puderam guardar na memória os bons momentos regados à chorinho vividos na casa do Mestre Duduta. Waguinho, inclusive, cresceu acompanhando muitas dessas pessoas frequentarem a casa e as reuniões. Contato que resultou em sua paixão pela música ainda na infância. "Tenho lembrança da roda de choro a partir dos 6 anos, e quando completei 8 anos já comecei a aprender tocar, então realmente quando comecei a tocar não deixei mais até hoje. E depois do falecimento dele estou tocando o barco pra frente", disse. Legado do chorinho Depois da morte de Duduta, há sete anos, Waguinho decidiu cumprir o desejo do pai e seguir fazendo, todo domingo, a famosa roda de choro. Ele diz ter ouvido do do pai que as reuniões eram "a vida dele", e que por isso ele não queria que os momentos acabassem com sua partida. "Ele já falava que não queria que isso acabasse, que era a vida dele tocar com os amigos e eu sempre estava lá, tanto na roda de choro quanto na fabricação dos instrumentos eu acompanhava ele, então não tinha como ser diferente", disse. O músico conta que as reuniões só deixaram de acontecer nas duas semanas seguintes à morte de Duduta, em julho de 2018, mas no domingo seguinte, Dia dos Pais, ele decidiu voltar com o projeto - o que também era o desejo de sua mãe. Na pandemia de Covid-19, doença que vitimou a esposa de Duduta e mãe de Waguinho, eles também precisaram suspender as reuniões. Mestre Duduta e Waguinho Duduta, pai e filho músicos referência em chorinho Arquivo Pessoal/Waguinho Duduta Agora, em 2025, a família do Mestre Duduta e todos os músicos de Campina Grande e do Brasil e celebram o chorinho comemoram o legado de um projeto que resiste há 70 anos promovendo cultura na Rainha da Borborema. "A gente continua do mesmo jeito que era com ele, só infelizmente sem a presença dele e da minha mãe. Começou em 1955 e nunca parou (...) Não pretendo parar", finalizou Waguinho. 'Viva Mestre Duduta' Para celebrar os 70 anos da Roda de Choro e recordar os 7 anos da morte de Duduta, os frequentadores da roda de choro criada pelo instrumentista vão realizar nesta terça-feira (29) o "I Viva Mestre Duduta". O evento tem ingressos gratuitos e vai acontecer no Teatro Municipal Severino Cabral, às 20h, com participação de vários convidados, como Waguinho Duduta, Eloisa Olinto e outros músicos que mantém o legado de Duduta, além de Luizinho Calixto, paraibano guardião do fole de oito baixos. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba